
"Meu filho não cresce: o que pode ser?"
O crescimento infantil pode ser influenciado por diversos fatores, como genética, nutrição, hormônios e até doenças crônicas. Quando o crescimento está abaixo do esperado para a idade, é importante investigar causas, que podem ser deficiência do hormônio do crescimento, distúrbios da tireoide, problemas ósseos ou síndromes genéticas. Para saber se uma criança está crescendo bem, usamos gráficos ou curvas de crescimento. Através deles, avaliamos se o paciente está abaixo, na média ou acima da estatura das crianças da mesma idade e sexo. Podemos também observar a velocidade de crescimento e identificar se essa criança está dentro da curva de acordo com seu alvo genético familiar. Qualquer alteração identificada deve ser analisada a necessidade de algum tratamento específico.

Quadros de hipotireoidismo (falta de hormônios da tireoide) e hipertireoidismo (excesso de hormônios da tireoide) devem ser analisados a fim de se decidir a necessidade de algum tratamento medicamentoso. Nódulos tireoidianos são muito comuns na faixa etária pediátrica e o acompanhamento também deve ser feito com um especialista.

Definimos obesidade através do cálculo de IMC (índice de massa corporal) segundo o sexo e a idade. De acordo com esse valor, as crianças podem estar eutróficas, com sobrepeso ou obesidade. Atualmente, devido ao estilo de vida sedentário e alimentação rica em carboidratos e gorduras, temos visto um aumento significativo de crianças e, com isso, aumento do risco para doenças cardiovasculares.

Crianças que iniciam o desenvolvimento de caracteres sexuais secundários (como aparecimento de mamas, pelos pubianos, aumento do tamanho dos testículos) antes dos 8 anos nas meninas ou antes dos 9 anos nos meninos merecem uma avaliação especial, pois pode se tratar de puberdade precoce. Caso esses caracteres não apareçam até os 13 anos nas meninas ou até os 14 anos nos meninos, evidencia-se uma puberdade tardia e também deve ser avaliado a fim de se estabelecer o tratamento específico.

A partir dos 9 anos, todas as crianças devem realizar exames para avaliar seu perfil lipídico. No entanto, aquelas com fatores de risco como obesidade, diabetes, histórico familiar de colesterol alto, já devem ter sua primeira dosagem realizada entre os 2 e 10 anos de idade. Casos de hipercolesterolemia familiar, que é o excesso de LDL (o colesterol "ruim") são muito prevalentes e alguns deles necessitam de tratamento medicamentoso.

O hormônio do crescimento (GH) é indicado em situações específicas, sempre após uma avaliação detalhada com o endocrinologista pediátrico. As principais indicações reconhecidas são:
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Deficiência de hormônio do crescimento (DGH): quando o organismo da criança não produz GH suficiente, comprometendo o crescimento e o desenvolvimento.
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Síndrome de Turner: condição genética que afeta meninas e pode causar baixa estatura.
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Síndrome de Prader-Willi: distúrbio genético que pode causar hipotonia, ganho de peso excessivo e baixa estatura.
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Baixa estatura idiopática: quando a criança tem estatura muito baixa, sem causa identificável, mesmo com produção normal de GH.
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Doença renal crônica: crianças com insuficiência renal podem ter atraso no crescimento.
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Síndrome de Noonan: condição genética que também pode afetar o crescimento.
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Crianças nascidas pequenas para a idade gestacional (PIG ou PEG): quando não há recuperação adequada do crescimento até os 2 a 4 anos de idade.
Como é o tratamento com hormônio do crescimento?"
O tratamento com hormônio do crescimento (GH) é feito por meio de aplicações subcutâneas, geralmente à noite, simulando o ritmo natural do hormônio no organismo. A aplicação costuma ser diária, e há duas formas principais de administração:
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Caneta aplicadora: dispositivo prático, moderno e com agulhas finas, que facilita a aplicação e costuma ser bem aceito pelas crianças.
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Seringa com agulha de insulina: opção válida, especialmente quando a caneta não está disponível ou não é acessível.
A dose é individualizada e ajustada conforme o peso, idade, diagnóstico e resposta clínica ao longo do tratamento.
Recentemente, também foi aprovada em alguns países (e em situações específicas) uma forma de GH de aplicação semanal, que pode melhorar a adesão ao tratamento. No entanto, essa modalidade ainda não está indicada para todos os casos e depende da avaliação médica.
